segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A Sociedade do Anel - J.R.R Tolkien

Nesse post apenas falo da minha experiência de leitura e das coisas que gostei no livro. Quem não leu ou não assistiu ao filme, talvez ache enfadonho e não entenda as minhas referências..


Este é um livro para se ler com muita paciência. Não que ele seja ruim, muito pelo contrário, é um livro maravilhoso e obrigatório para os fãs de fantasia. Não é uma leitura fácil, por isso clame por paciência /heheh pelo menos essa foi a minha experiência de leitura. Tolkien foi muito minucioso ao fazer as descrições, o que é uma característica do estilo dele. A Sociedade do Anel narra o fardo de Frodo e as desventuras dele e de sua comitiva a caminho de Mordor, para destruir o Um anel. Não vou ficar resumindo porque essa história é muita conhecida até para os que não leram o livro, vou expor minha opinião e impressões.

Confesso que não foi fácil o começo desse livro. Li uns capítulos e dei uma pausa para ler outros livros, não costumo interromper leituras, mas fiquei um pouco saturada com a descrições. Li uns 5 livros durante a pausa e quando me achei pronta, voltei a ler A Sociedade do Anel. Essa segunda vez foi finalmente o momento de ler esse livro. Isso mesmo, eu acredito que há momentos certos para ler certos livros. Simplesmente devorei esse livro, as descrições antes enfadonhas, dessa vez me transportaram para vários lugares. Tolkien descreve os caminhos, as montanhas, os ambientes, os seres, os objetos com tanta precisão e realidade que é como se estivéssemos vivenciando a história.

O livro fica ainda melhor quando os 4 amigos Frodo, Sam, Pippin e Merry chegam ao Pônei Saltitante e conhecem Passolargo, ou Aragorn. Como não amar Aragorn?? Tão misterioso, corajoso e leal.  Para mim, a história ficou bem mais empolgante a partir do capítulo No Pônei Saltitante. Um capítulo que gostei e achei bem interessante, antes do No Pônei Saltitante, foi Na casa do Tom Bombadil. O Tom é um personagem misterioso, muito simpático que ajudou muuuiiito os 4 amigos. Recebeu-os muito bem em sua casa e quando Frodo indagou quem era ele, respondeu:

"Veja bem, meus amigos: Tom Bombadil já estava aqui antes do rio e das árvores; Tom se lembra da primeira gota de chuva e do primeiro broto de árvore. Fez trilhas antes das pessoas grandes, e viu o povo pequeno chegando. Já estava aqui antes dos Reis e dos Túmulos e das Criaturas tumulares [...] Conheceu o escuro sob as estrelas quando não havia medo- antes de o Senhor do Escuro chegar de Fora." (p. 137-138)

Essa resposta só levantou mais dúvidas acerca da identidade dele, eu fiquei bem confusa. Dei uma pesquisada para ver o que os outros pensam sobre, e achei diversas hipóteses: de que ele seria o alterego do Tolkien (o que eu acho menos provável) ou então Ilúvatar, para mim, a hipótese mais aceitável, visto que ele existia antes da criação das coisas. O site Valinor tem um texto sobre o Tom, quem tiver interesse leia aqui. Creio que o Tom Bombadil não apareceu no filme, devido à sua natureza incerta e, na minha opinião, a pouco influência dele na história. Mesmo assim achei um personagem muito simpático e lúdico.

Tom Bombadil e Fruta d'Ouro (filha do rio, amada do Tom) oferecendo um baquete para os 4 hobbits.


Acho que o que mais me cativou foi a lealdade, a integridade, a coragem e a amizade dos personagens centrais. Tais qualidades são bem mais evidentes no livro do que no filme, acho os filmes não retrataram isso muito bem, por exemplo, eu achei o Frodo um mala no filme e Pippin e Merry, apesar de queridos, parecem uns bobões, presepeiros. No livro, fiquei admirada com a coragem desses personagens e com grande amizade que nutriam um pelo outro, eles se doam completamente e não se deixam corromper. Achei bastante bonito um discurso feito pelo Merry, não poderia deixar de compartilhá-lo aqui:

"Pode confiar em nós para ficarmos juntos com você nos bons e maus momentos, até o mais amargo fim. E pode confiar também que guardaremos qualquer um de seus segredos - melhor ainda do que você os guarda para sim. Mas não pode confiar que deixaremos que enfrente problemas sozinho, e que vá embora sem dizer uma palavra. Somos seus amigos, Frodo." (p.111, capítulo Conspiração Desmascarada)

Também gostei muito da estadia do grupo em Valfenda, quando ficam a par de várias histórias (Esse povo da Terra-Média ama contar histórias!), inclusive a do Um anel. Enquanto o filme inicia mostrando a história dos anéis, como o Um anel foi forjado por Sauron etc, no livro, só nos inteiramos da história no capítulo O Conselho de Elrond, mais ou menos na metade do livro. E nesse capítulo onde há a formação da comitiva, formada por Frodo, o portador do anel, Sam, Pippin, Merry, Gandalf, Aragorn, Legolas, Gimli e Boromir, cujo intuito era auxiliar Frodo na destruição do anel na Montanha da Perdição. Esse é um dos capítulos mais interessantes, devido à história do anel, à formação da comitiva e, é claro, à presença dos elfos de Rivendell.
Outros capítulos que adorei foram Lothlórien, O espelho de Galadriel e Adeus a Lórien, que se referem a passagem da comitiva em Lórien, reino florestal da rainha élfica Galadriel e seu marido Celeborn. Em Lórien, acontece uma coisa muito bacana; o começa da amizade entre anões, na figura do Gimli, e elfos, após muito tempo de desentendimento, especialmente a amizade entre Gimli e Legolas. Fiquei encantada com as descrições do lugar e dos costumes dos elfos, como viver na copa das árvores. Não é por acaso que meus capítulos favoritos são os de elfos, é impossível não se encantar com essa raça majestosa, cordial e bela, parece que tudo o que os envolve é perfeito, essa foi a impressão que tive ao ler.

Ademais, o universo de Tolkien cativa todos os leitores, especialmente os que gostam de fantasia, Hobbits, Orcs, Elfos, Magos, Anões, Valfenda, Mordor, Lórien, Condado...criaturas e lugares que só poderiam ter saído da cabeça de um gênio.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Série: The Vampire Diaries

Este é meu primeiro post sobre séries, não sei por que demorei tanto, visto que sou viciada em séries. 
Para estrear essa nova temática no blog, escolhi The Vampire Diaries, não por ser minha favorita (tenho até receio de fazer post da minha série favorita, vai dar um livro!), mas porque gosto muiiiiiito dela e porque percebo que muita gente tem preconceito sem nem conhecer! (meu marido, por exemplo)
Crepúsculo foi um divisor de águas, pois MUITA gente acha que as histórias de vampiros boas são apenas as que vem antes de Crepúsculo e a partir da série da Stephenie Meyer não há mais nada bom e interessante sobre vampiro. Meu objetivo não é criticar nem analisar Crepúsculo, mas convenhamos que a história foge muito, mas muito da tradição dos vampiros. Quando ouvi falar pela primeira vez da série The Vampire Diaries também tive preconceito pensei "Deve ser vampiro igual ao de Crepúsculo", mas um amigo me informou que a série é muito interessante, não fica só no lenga-lenga do amor proibido, isso despertou minha curiosidade. Desde o primeiro episódio não consegui parar de ver. 

Os personagens principais são: Elena Gilbert e os irmãos Salvatore, Stefan e Damon Salvatore. Eles formam o (principal) triângulo amoroso da série:


Calma! A série não se resume a triângulo amoroso e rostinhos bonitinhos (se bem que só tem gente bonita, sério, ainda não encontrei bonitinhos, só bonitões).

Elena Gilbert é uma estudante bem sucedida que vive na pacata Mistic Falls. Ela é popular, bonita, cheerleader, namorou Matt, um jogador popular também, que ainda se ressentia pelo fato de ela ter rompido. A vida de Elena começa a mudar depois que sofreu um acidente de carro com os pais, o que resultou a morte deles. Sua tia Jenna passou a cuidar dela e de seu rebelde irmão Jeremy.

Para mudar de vez a vida de Elena, chega à cidade um rapaz lindo e misterioso, Stefan Salvatore. Sem delongas, os dois se apaixonam e começam um relacionamento. Stefan é um vampiro, mas isso não foi um impedimento para Elena. Para acabar com a paz, posteriormente chega Damon Salvatore, irmão mais velho de Stefan. Os dois irmãos não se bicam de jeito nenhum, por diversas razões, uma delas foi um triângulo amoroso mal sucedido há muitos anos. Os dois, quando ainda eram humanos, apaixonaram-se pela vampira Katherine Petrova, que os transformou em vampiros. Bom, não é à toa que Stefan vai para Mystic Falls, na verdade ele estava regressando ao lar, onde já morara. Também não foi à toa que se apaixonou por Elena Gilbert, ela era uma cópia fiel (Doppelgänger) de Katherine, seu antigo amor. Mas as semelhanças se limitavam ao físico, pois Elena era boa e Katherine muito má.


              Katherine Petrova (1864)                                         Elena Gilbert (2009)



Já Damon voltou para atazanar a vida do seu irmão e para libertar Katherine de uma tumba. Em 1864 ela foi presa pela população numa tumba em Mistic Falls, juntamente com outros vampiros. Damon ainda tinha esperanças que ela retribuiria seu amor. Bom, a primeira temporada é praticamente briga entre os irmãos, Damon investigando como libertaria Katherine, Damon botando o terror na cidadezinha; matando, transformando pessoas em vampiros. Eu não vou resumir as 4 temporadas, porque o intuito não é contar spoilers, mas apresentar uma série que acho bacana e, quem sabe, instigá-los a assisti-la. Falei pouco, em linhas bem gerais sobre o tema da série, acho mais válido apresentar os pontos positivos e negativos.

Pontos positivos, o que considero legal na série:

Realidade/Tradição vampiresca: 

- Em TVD, os vampiros não são criaturinhas íntegras e puras. Até os bonzinhos (Stefan Salvatore) tem sua fase dark. Quando o vampiro opta por abandonar sua humanidade, ele perde todos os sentimentos, não poupa nem as pessoas que gosta(va). A humanidade pode voltar, mas não é nada fácil.

- Sabe aquela tradição que o vampiro só pode entrar se for convidado pelo dono da casa? Então, na série é assim. Se não for convidado, há uma espécie de bloqueio na porta.

- Se o vampiro se expor ao sol, ele se queima, literalmente! Se não sair logo do sol, morre. Para andar tranquilamente durante o dia, os vampiros usam anéis ou outras jóias enfeitiçados.

- A transformação para vampiro não é nada simples. Primeiro o humano bebe sangue de vampiro (voluntariamente ou involuntariamente), depois é preciso que ele morra. Logo em seguida ele acorda, mas ainda não é vampiro, ele pode escolher: se quiser completar a transformação e se tornar um vampiro, deve beber sangue humano. Senão, deve abster-se de sangue e consequentemente morre.

- Os vampiros podem compelir os humanos, obrigá-los a fazer qualquer coisa, basta ordenar olhando nos olhos. A única coisa que impede a compulsão é se o humano estiver com verbena, uma planta nociva ao vampiro.

Outras espécies

- Não há só vampiros; há bruxas, lobisomens, híbridos (lobisomem e vampiro).

- Em Crepúsculo, Jacob se transforma num piscar de olho, dá um pulo e vira lobo no ar. Mas em TVD é feio, muito feio. A gente sofre junto. A transformação de homem para lobisomen ocorre em toda lua cheia e é mostrada com riqueza de detalhes. E saia da frente! O lobo não poupa nem a mãe se estiver na frente dele.

Família Original

Achei muito bacana a ideia da família original, ou seja, a primeira linhagem de vampiros. A família original é composta por membros que nós amamos e odiamos; todos lindos, orgulhosos e muito finos. Há um episódio, sensacional, no qual é explicada a origem dos vampiros, achei bem construída a história.

Muito Sangue e Cabeças rolando

Estamos falando de vampiros, né? Então tem que ter sangue! Não é nada bonito um ataque de vampiro (não, não só muda a cor dos olhos), o semblante muda completamente e ele faz um bom estrago no pescoço. Também tem muitas cabeças rolando e corações arrancados.

Anti-heróis

Eu adoro anti-heróis, acho-os bem mais interessantes e complexos que os heróis. Aqui temos pelo menos três; Damon Salvatore, Klaus, Rebekah.

Damon Salvatore

Para as meninas, Damon é um ponto alto da série. Muito lindo, muito sarcástico, muito bad! É o anti-herói. Enquanto Stefan pode ser descrito como herói, bonzinho, justo e não prejudica ninguém nem mesmo para alcançar um fim, a Damon caberia a frase "o fim justifica os meios", ou seja, para alcançar um objetivo ele não se importa quem vai matar ou prejudicar, é bastante impulsivo. No comecinho da série, eu tinha um pouco de raiva dele, mas na medida em que vamos conhecendo mais a história dos irmãos, não tem como não entender o Damon e gostar muito dele, principalmente depois das mudanças de personalidade.


Trilha Sonora:

Não há dúvida que a trilha sonora de TVD é muito boa!

Florence + The Machine - Never Let me go




Talking Heads - Psycho Killer



Jason Walker - Echo




e outras...

Há muita história:

- Cada temporada traz um tema e histórias interessantíssimas. Sempre tem algo novo. Não fica só no romancinho, nada disso. Para mim, a exceção foi a 4ª temporada, achei meio enfadonha, um enredo não muito interessante, só melhorou nos últimos episódios.

O que há de negativo:

Não preciso nem falar que esses comentários são bem subjetivos, né? É o que eu acho sobre a série, o que alguns amigos que assistem também acham. 

Protagonista não muito querida e vilã adorada:

Muita gente compara Elena Gilbert à Bella Stewart, eu acho que não tem nada a ver! Sim, muitas vezes Elena é chata, é dramática, é o centro das atenções, mas eu não a acho sem sal como a Bella Stewart, a Bella insuportável! Alguns amigos acham a Elena insuportável e adoraaaam a Katherine Petrova. Eu não gosto da Katherine, ela é cínica, é traíra e muito egoísta. Mas a maioria prefere a Katherine, vai entender!

Amigos que só se lascam:

A amizade é uma das coisas mais lindas da série. Um amigo se arriscando pelo outro. Mas o "outro" é sempre Elena. TODO mundo se dá mal em algum momento por causa da Elena, para salvar a Elena. Elena isso. Elena aquilo. bla bla bla. Acho que por isso as pessoas tem tanta raiva da Elena. SPOILER: Bonnie, melhor amiga da Elena, perdeu a avó, a mãe virou vampira, ela se arriscou muito só para ajudar a Elena. Matt está sempre em apuros também, ele é peteca de vampiros por causa da amiga Elena.

Não se apegue aos personagens:

Assim como em Game of Thrones, não devemos ter apego aos personagens, pois muitos personagens SUPER queridos tiveram fim trágico.



Como eu disse, não é minha favorita, mas faço questão de acompanhá-la porque é uma série muito bem feita, com brilhantes atuações (principalmente a Nina Dobrev, que faz a Elena e a Katherine). Há também a série de livros que originou a série da TV. Eu ainda não li, e nem tenho muita vontade, mas quem já leu diz que tem muitas diferenças entre os livros e a série.


No Submarino, esse box quase sempre está em promoção, contendo a trilogia, não sei quantos livros são ao todo, mas o preço está ótimo (30 reais), lembrando que é edição econômica.








sábado, 17 de agosto de 2013

Macanudo Vol.1 - Liniers


Hoje fui ao shopping com o marido só para resolver umas coisas dele no Poupa Tempo, como a espera podia ser longa  e eu não estava a fim de ficar zanzando no shopping, levei um livro comigo. Acordei com uma vontade imensa de ler Macanudo, eu só havia lido tirinhas soltas na internet, não o livro, que ganhei do Vinícius esse ano. O livro é fininho, por isso terminei bem rápido, li no percurso de ida e volta e enquanto esperava no Poupa Tempo. Eu já conhecia Macanudo, já usei algumas tirinhas em minhas aulas, já era fã do argentino Liniers.

É muito difícil não se encantar com Macanudo; os traços são perfeitos, os personagens cativantes. Eu sei que a Mafalda, do Quino, impera no universo das tirinhas. Mas não dá para comparar; as tiras da Mafalda abordam muito política, paz, capitalismo, tem cunho mais social. Já Macanudo tenta mostrar uma visão filosófica e poética da vida, coisas simples do cotidiano são vistas poeticamente, as relações humanas, etc. Os personagens são vários: Enriqueta e seu gato Fellini, Z-25 -o robô sentimental)-, os duendes, os pinguins. Depois dedicarei um post para falar dos personagens e postar tirinhas de cada um. Nesse post, pretendo apresentar  Macanudo de maneira geral.

O volume 1 de Macanudo fui publicado em 2004 e abarca as tirinhas publicadas no jornal La Nación em 2002 e 2003. No Brasil, já temos publicado até o volume 4.

Desculpem a qualidade da foto, mas não encontrei essas tirinhas na net, então tive que tirar foto do celular. Minha edição é em espanhol, mas há livros traduzidos disponíveis nas livrarias.

"A veces Gutierrez sale de la ciudad y va al campo...para sentirse menos sólo"
Ás vezes Gutierrez sai da cidade e vai ao campo...para se sentir menos sozinho.

Achei fantástico! Essa tirinha traduz bem o sentimento nas grandes cidades; muitas pessoas, muita correria, muito individualismo. Estar cercado de gente não significa que não está só.


Os pinguins fazendo alusão à famosa foto dos Beatles




A Enriqueta é minha personagem favorita. Além de fofa, ela adora ler.

"El placer enorme de terminar de leer un libro para empezar otro."
O prazer enorme de terminar de ler um livro para começar outro.

Esse é um dos pequenos prazeres dos leitores, né?



-En la vida hay que ir sempre para adelante, Enriqueta...
- Por qué? Qué hay adelante?
- Más vida.
- Profundo, Fellini, profuuundo.

-Na vida, tem que sempre ir adiante, Enriqueta...
- Por quê? O que há adiante?
- Mais vida.
- Profundo, Fellini, profuuuundo.



É possível ter acesso às tirinhas do Ricardo Liniers no fotolog , no blog e vários outros sites, basta pesquisar. Se quiser adquirir o livro, vale muito a pena, eu recomendo muuuuuuiiiiiitoooo/rsrsrs.



Ficha Técnica:
Título: Macanudo
Autor: Liniers
Editora: Ediciones de La Flor
Ano: 2012
Páginas: 94

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Resenha: O Orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares - Ransom Riggs


Tudo está à espera para ser descoberto em O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, um romance inesquecível que mistura ficção e fotografia em uma experiência de leitura emocionante. Nossa história começa com uma horrível tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares. Elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo. E, de algum modo ? por mais impossível que pareça ? ainda podem estar vivas. Uma fantasia arrepiante, ilustrada com assombrosas fotografias de época, O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares vai deliciar adultos, adolescentes e qualquer um que goste de aventuras sombrias.


Não julgue o livro pela capa.
Às vezes julgamos o livro pela capa, e nos surpreendemos de forma positiva com o conteúdo, mas outras vezes (neste caso) nos surpreendemos de forma negativa.

Eu comprei esse livro sem indicações; nunca tinha ouvido falar, nem lido nenhuma crítica. Também nunca ouvira falar sobre o autor, Ransom Riggs, até porque esse é o primeiro romance dele. Dei de cara com o livro, enquanto escolhia alguns no site do Ponto Frio e me apaixonei pela capa e título. Achei o resumo interessante, mas o que me impulsionou mesmo a comprar, foi uma declaração do Tim Burton na contracapa do livro:

"Você tem certeza de que não fui eu quem escreveu esse livro? Parece algo que eu teria feito..."

Como sou fã do Tim Burton, fiquei empolgada com a opinião dele e comprei. O livro é LINDO. A Editora Leya está de parabéns por mais essa belíssima edição. Na capa tem uma foto antiga com relevo, e marcas de mãos. A diagramação do livro é muito bonita também, as páginas são amareladas, tem arabescos no número da página. Mas o melhor são as fotos antigas e bizarras no interior do livro, não estão ali à toa, têm relação com a história. Na última página, o autor explica que as fotos são reais, apesar de algumas terem sofrido manipulações (manipulações beeeem evidentes) e pertencem ao arquivo pessoal de vários colecionadores. O conjunto do livro é fantástico, é um belo livro para se ter na estante.








Há muitas e muitas fotos, que são no mínimo estranhas. Convenhamos que observando o conjunto do livro, a capa, as fotos, o resumo, espera-se uma história de terror de arrepiar (como promete o resumo). Mas eu não tive um pinguinho de medo, tensão, nem arrepios e lia sempre de madrugada. Até Coraline do Neil Gaiman, um livro fininho e infantil, me deixou mais tensa em algumas partes. 

Sinceramente, não sei o porquê da minha decepção. No Skoob o livro é muuuuito bem avaliado (4.2), as pessoas falam maravilhas desse livro. Mas comigo foi diferente, não conseguiu me impressionar e a leitura foi muito arrastada. Talvez o problema foi a grande expectativa. Ou talvez o fato de eu ter lido tantos livros clássicos de terror e suspense (O Exorcista, O Terror em Amityville e outros) tenha impedido que eu sentisse alguma tensão.

O livro fala da busca do jovem Jacob pelo passado misterioso do seu avô Abe. Quando criança, Jacob adorava ouvir as histórias fantásticas que, segundo o seu avô, ocorreram com ele no Orfanato onde cresceu durante a Segunda Guerra. As histórias eram de crianças peculiares; uma garota podia fazer fogo com a mão, um menino era invisível,  outro tinha abelhas dentro de si, outra tinha uma boca na nuca, e outras várias peculiaridades, parecia até a escola do professor Xavier (X-men). Jacob cresceu, tornou-se um aborrecente e começou a se irritar com as histórias do avô, disse que não era mais uma criancinha para acreditar em contos de fada. Porém a morte brutal e misteriosa do avô, por um suposto monstro que o próprio Jacob vira, faz com que ele vá em busca do passado do avô, numa ilhazinha remota.

Lá, ele descobre as respostas (mesmo que demore muito zzzzzz) e também descobre que pode estar em perigo. O final não me agradou muito. Quando finalmente (nas últimas 100 páginas) o livro começa a ficar bom, o final é vago e o futuro incerto. Quem sabe haverá continuação? Isso explica o final meio incerto.Não revelarei mais nada do enredo, para não estragar as surpresas. 

Apesar das coisas negativas que falei, vou destacar as coisas positivas: 1) a linguagem é simples, bem típica de livro juvenil; 2) não é uma leitura cansativa (para mim foi arrastada, porque não me empolguei); 3) o livro é IMPREVISÍVEL, isso mesmo, eu acho uma ótima qualidade, a gente nunca sabe qual vai ser o próximo passo; 4) nas últimas 100 páginas FINALMENTE começa a ter ação de verdade e umas cenas mais perturbadoras (mas nada que me fizesse ter arrepios, sou dura na queda /kkk); e por fim 5) Tem um romancezinho, bom para quem gosta, porque eu dispenso (pelo menos nesse livro, não vi muita necessidade de romance).

Não se sintam impelidos a não ler. A opinião geral sobre o livro é muito boa. Mas eu, com toda a minha chatice, fiquei um pouco decepcionada.

Atualização: Soube, através de uma leitora de um grupo de livros, que esse livro terá mais duas continuações, será uma trilogia. Bem que eu suspeitei do final vago! A outra novidade é que esse livro será adaptado para o cinema e será dirigido pelo Tim Burton! Acho que pela primeira vez vou gostar mais do filme adaptado do que do livro de origem /rsrs.

Ficha Técnica:
Título: O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares
Autor: Ransom Riggs
Editora: Leya
Ano: 2012
Tradução:  Edmundo Barreiro e Marcia Blasques
Páginas: 335





terça-feira, 13 de agosto de 2013

Fita Verde no Cabelo: Nova Velha Estória - Guimarães Rosa

Creio que ao ler o título você se lembrou da Chapeuzinho Vermelho, né? Fita Verde no Cabelo é um conto ENCANTADOR do Guimarães Rosa que dialoga com o famoso conto dos irmãos Grimm, Chapeuzinho Vermelho. Não me refiro àquele conto que tem o final feliz graças ao caçador que salva Chapeuzinho e sua avó, esse é adaptação. Na versão original dos Grimm, a que me refiro, o Lobo Mau devora as duas.
Bom, já vou logo avisando que esse será um longo post. Se até agora não se interessou pelo assunto,  tem preguiça de ler, aconselho que nem continue. Porque quando o tema é conto de fada, eu fico empolgada e falo muito mesmo! rsrs 

O título é Fita Verde no Cabelo: Nova Velha Estória, porque é uma releitura (novo, atual) de uma velha estória, o conto de fada. Há muitos elementos no conto Fita Verde que rementem de imediato ao conto dos irmãos Grimm, mas definitivamente não é uma cópia, nem falta de criatividade. Guimarães Rosa se baseou no conto dos Grimm, pegou a mesma temática e a colocou num outro contexto, abordando questões ausentes no conto original. 

Como é de conhecimento geral, não é muito fácil ler Guimarães Rosa. A linguagem rebuscada, o estilo, os neologismos podem intimidar quem não está acostumado. Mas peço aos que nunca leram que persistam e leiam, os textos dele são lindos e riquíssimos. A cada leitura e releitura descobrimos algo novo. Pode parecer exagero, mas eu acho que esse conto deve ser lido pelo menos duas vezes seguidas, pois na primeira vez algumas palavras e construções sintáticas e semáticas podem causar um pouco de incompreensão. Na segunda vez fica bem mais claro. Espero que leiam. Abaixo do conto, vou escrever minhas impressões.

Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo.
Então, ela, mesma, era quem se dizia:
– Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.
A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vinha-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
– Quem é?
– Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.
Vai, a avó, difícil, disse: – Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe. Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo:
 – Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou.
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
– É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: 
– Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.

Já no primeiro parágrafo, encontramos o neologismo "velhavam", velhos e velhas que velhavam. Penso que "velhar" não tem o sentido de "envelhecer", soa diferente "velhos e velhas que envelheciam" e "velhos e velhas que velhavam", além da gostosa aliteração com o v, velhar transmite o sentido de fazer coisas típicas dos mais velhos. Então na frase "velhos e velhas e velhavam", eu entendo que eram velhas que tricotavam, velhos que jogavam dominó na calçada, etc. 
"Homens e mulheres esperavam" esperavam o quê? O verbo esperar pede complemento...esperavam velhar, ué! rsrs Afinal, era uma aldeiazinha em algum lugar, sem grandes expectativas.
"Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto." Por enquanto o quê? Por enquanto ela não tem juízo, maturidade, por enquanto ela é uma meninazinha. 
Aí esperamos o Lobo Mau, o bicho peludo que comeu a Chapeuzinho no conto dos Grimm. Mas...Guimarães quebrou a expectativa do leitor, anunciando que não havia mais lobos, pois os lenhadores os exterminaram.
Fita Verde pegou o caminho mais longo e nele foi se distraindo. Ao chegar na casa da vovó, encontrou-a muito debilitada e se deu conta, para sua tristeza, que havia perdido sua fita verde. Em seguida, ocorre um dialogo muito semelhante àquele famoso diálogo da Chapeuzinho Vermelho com o Lobo, lembram? "Vovó, que olhos tão grandes!" "É pra te ver melhor, minha netinha".
Esse último diálogo em Fita Verde é muito emocionante, pois são as últimas palavras da avó para a neta.
– Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!
– É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta… – a avó murmurou.
– Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!
– É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta… – a avó suspirou.
– Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?
– É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha netinha… – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez. Gritou: 
– Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.
Fita Verde declara que sente medo do Lobo, mas anteriormente foi dito que não existia mais lobo. Na verdade, Lobo é uma metáfora para morte, para a perda. Ele não aparece em forma de animal feroz, mas aparece na forma da morte. Na minha opinião, a temática desse conto é a passagem para a maturidade, a perda da inocência, entender que nem tudo dura para sempre. No segundo parágrafo, o autor diz que Fita Verde era uma meninazinha sem juízo. O que provocou a passagem dela para a maturidade foi a perda da avó, de um ente querido. Não é à toa que a fita  é verde, verde remete à imaturidade, uma fruta que não está madura. Também não foi à toa que Guimarães Rosa escreveu que ela havia perdido a fita verde, ou seja, finalmente ela havia amadurecido.
Quantas pessoas já não perderam um ente querido? Seja pai, mãe, avó,irmão, amigo...Quem perdeu com certeza será tocado por esse conto. Quem perdeu, com certeza nunca mais foi o mesmo. Sempre que eu  leio esse conto, lembro do meu avô e do quanto eu mudei após sua partida. Também lembro da minha avó, que também já se foi, debilitada pela doença.
Apesar de ser um conto bem curto, há muito pano pra manga. Há outras interpretações, há trechos que não entendi. É conto pra se ler sempre...
O que acharam? Tem alguma opinião, interpretação do conto? Conte-me!




Resenha: Coraline - Neil Gaiman


Sinopse:

A história de Coraline é de provocar calafrios. A narrativa dá muitas voltas e percorre longas distâncias, criando um ‘outro’ mundo onde todos os aspectos de vida são pervertidos e desvirtuados para o macabro. Ao mesmo tempo sutil e cruel, o autor gosta de desafiar as imagens simples dos livros infantis tradicionais. No livro, a jovem Coraline acaba de se mudar para um apartamento num prédio antigo. Seus vizinhos são velhinhos excêntricos e amáveis que não conseguem dizer seu nome do jeito certo, mas encorajam sua curiosidade e seu instinto de exploração. Em uma tarde chuvosa, a menina consegue abrir uma porta que sempre estivera trancada na sala de visitas de casa e descobre um caminho para um misterioso apartamento ‘vazio’ no quarto andar do prédio. Para sua surpresa, o apartamento não tem nada de desabitado, e ela fica cara a cara com duas criaturas que afirmam ser seus “outros” pais. Na verdade, aquele parece ser um “outro” mundo mágico atrás da porta. Lá, há brinquedos incríveis e vizinhos que nunca falam seu nome errado. Porém a menina logo percebe que aquele mundo é tão mortal quanto encantador e que terá de usar toda a sua inteligência para derrotar seus adversários.


Esta é uma obra do Neil Gaiman para o público infantil, quando terminei a leitura, pensei "What? Só se for para os filhos do Tim Burton". Poizé! 
Coraline é uma menina ativa, cujo maior divertimento é explorar. Mudou-se recentemente para um casarão antigo, dividido em 3 apartamentos; o de baixo era compartilhado por 2 idosas, as senhoritas Forcible e Spink, que na mocidade foram atrizes e só sabiam falar disso. No último apartamento, morava o velho louco que dizia estar preparando um circo de ratos. Nesse ambiente novo e inusitado, havia muita coisa para Coraline explorar. Seus pais não eram lá um exemplo de pais, dedicavam-se totalmente ao trabalho, sem dar muita atenção à Coraline. Tudo o que a menina queria era simples demais:  pais mais atenciosos, comida caseira sem frescurites e liberdade para escolher as roupas nas cores berrantes, rsrs. Ah, queria também que todos acertassem seu nome. É Coraline, não Caroline.

Numa de suas explorações pela casa, Coraline descobriu a porta. Seu erro foi não ter seguido o conselho dos ratos do velho louco, de que ela não deveria passar pela porta. A parede de tijolos que havia antes sumiu, dando lugar a um corredor escuro, como todo criança curiosa, mesmo podendo ser perigoso, Coraline foi adiante. O que encontrou do outro lado foi outro mundo, uma cópia sombria do seu. Deu logo de uma cara uma mulher que se apresentou como "a sua outra mãe", também havia "o seu outro pai", assim como havia "o outro velho louco" e um gato falante. Mas não era uma cópia fiel, como eu disse, era uma cópia sombria. No lugar dos olhos, as pessoas tinhas dois grandes botões pretos e sua outra mãe era branca como papel e tinhas unhas muito longas e afiadas. Esses pequenos detalhes já serviram para me deixar arrepiada, afinal, botão preto no lugar do olho é bem macabro, né?

Mas nem tudo era ruim desse lado. A outra mãe serviu um delicioso jantar caseiro, para a alegria de Coraline. Seus outros pais eram bastante atenciosos e ela ainda tinha um quarto pintado com cores berrantes e cheio de brinquedos que nunca vira igual; brinquedos com vida. Apesar de todos essas atrações, Coraline quis voltar para casa. Sua outra mãe disse que se ela quisesse poderia ficar para sempre com eles,  realizando seus desejos, só bastava costurar os botões na cara. A menina afinal tinha um pingo de juízo, negou e foi embora.

Depois de um acontecimento (prefiro não revelar, para não estragar a surpresa de quem vai ler), Coraline se vê obrigada a voltar ao mundo sombrio, descobrir mistérios, passar por tarefas e combater a outra mãe, que na realidade era uma megera. Algumas situações são arrepiantes, como quando ela vai ao porão sombrio e encontra uma figura toda deformada e inchada, em outro momento ela tem que pegar um objeto no meio de duas pessoas que estavam envolvidas em teias de aranha, como um casulo. Com tudo isso, Coraline mostrou ser uma menina muito corajosa, como a própria diz:

"Porque quando você tem medo e faz mesmo assim, isso é coragem" (p.59)

No final ainda há uma surpresa, mas tudo acaba bem.

O livro é bizarro, sombrio (até a capa é lindamente sombria) e, a princípio, pode até causar dúvidas se é mesmo para crianças. Eu acho que esse livro não é só para crianças. Os adultos podem ler sem preconceito e não devem subestimar um livro só porque ele é voltado para o público infantil. Livros como Coraline, O Pequeno Príncipe, não tem faixa etária de tão bons que são. É meio pesado esse tema do outro lado sombrio, essa história de costurar um botão no lugar do olho, mas também não subestimem as crianças. Quando pequena eu gostava de livros de terror e tenho uma cunhada de 13 anos que gosta muito também. Ela não gosta de ler, mas quando se trata de um bom livrinho de terror ela topa ler! 

Esse livro se torna atrativo e adequado para o público infantil devido à sua linguagem simples e objetiva, aos parágrafos curtos e à quantidade de diálogos. Convenhamos que é  mais fácil ler um livro com essas características. Livro muito descritivo (com mais descrições que ações) com parágrafos longos demais, com linguagem muito subjetiva costuma afastar um pouco a maioria das crianças. E além de tudo isso, tem algumas ilustrações.

Eu não julguei por ser um livro infantil e estava com grandes expectativas. Ainda bem que não me frustrei. Gostei tanto que já baixei a animação "Coraline e o Mundo Secreto" e pretendo comprar a graphic novel 




O "outro" Neil Gaiman hehehe




#Wishlist 1 : Livros mais desejados

E lá vai minha wishlist de livros, é claro que não é a lista completa, porque esta é infinita, então vou colocar os mais desejados do momento, livros que estou querendo desesperadamente e aceito de presente (dica para o marido e amigos) hehehe

HQ do Pinóquio 

 Pirei quando vi essa HQ na livraria FNAC, é muito linda! E parece interessantíssima, não tem nada a ver com o Pinóquio do conto de fada.



HQ O Maravilhoso Mágico de Oz

Sou apaixonada pelo Mágico de Oz, quando descobri essa HQ meus olhinhos brilharam, os traços são perfeitos


Watchmen Ed. Definitiva

Eu quero a HQ da melhor série de heróis!







segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Compras de Agosto

Agosto mal começou e já fiz compra de livros. E que compra! Até agora foi minha melhor aquisição de 2013:  Sandman edição definitiva volume 3 e Coraline, ambos do Neil Gailman.

Ainda não tenho os volumes 1 e 2 de Sandman, porque estão absolutamente esgotados. Vasculhei a internet em busca desses volumes, mas só encontrei no Mercado Livre por valores absurdos (de 500 a 3 mil reais). Entrei em contato com a Panini para se saber se esses volumes serão relançados, para a nooossaaa alegria respoderam que sim, ainda nesse semestre! Uhuu! Assim que recebi a resposta, comprei o volume 3, enquanto está disponível. Na maioria das livrarias, está por R$ 145, mas no Ponto Frio estava R$85 e no Extra R$83.

Comprei no Extra, porque até então só havia comprado meu notebook e o celular do meu marido lá, queria ver se era um bom lugar para comprar livros. Tive uma óóótima experiência, chegou super rápido e em perfeito estado (o contrário da minha compra no Ponto Frio, que apesar da entrega rápida os livros chegaram amassados). Muiiiitos livros no Extra tem frete grátis, até os baratinhos. O frete do Sandman saiu grátis no Extra, já no Ponto Frio, eu teria que pagar 5 reais de frete. Aproveitei também para comprar Coraline, que estava apenas R$18.

Já li Coraline e já já farei a resenha.






O Dia do Curinga - Jostein Gaarder


Sinopse:

"Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?", pergunta à sua mãe certa vez a jovem protagonista de O mundo de Sofia.
Esse é o ponto de partida deste outro livro de Jostein Gaarder, a história de um garoto chamado Hans-Thomas e seu pai, que cruzam a Europa, da Noruega à Grécia, à procura da mulher que os deixou oito anos antes. No meio da viagem, um livro misterioso desencadeia uma narrativa paralela, em que mitos gregos, maldições de família, náufragos e cartas de baralho que ganham vida transformam a viagem de Hans-Thomas numa autêntica iniciação à busca do conhecimento - ou à filosofia.


O dia do curinga é a história de muitas viagens fantásticas que se entrelaçam numa viagem única e ainda mais fantástica - e que só pode ser feita por um grande aventureiro: o leitor.



Há muito tempo eu queria ler algo do Jostein Gaarder. Eu sei que ele é mais conhecido pelo livro O Mundo de Sofia (que também está na minha mira), mas foi O Dia do Curinga que me atraiu mais, talvez porque a figura do curinga (até conhecer a obra, eu achava que única forma correta era coringa) sempre me interessou. Comprei o livro numa promoção do Ponto Frio e comecei a lê-lo de madrugada, pois não estava com muito sono. Quando o livro é razoável, o sono vem, mas quando livro é muito bom, o sono passa e fico devorando páginas e mais páginas. Acontece que O Dia do Curinga é MUITO bom, terminei rápido a leitura e fiquei querendo mais...

Pelo título e capa do livro, dá pra presumir que a história tem algo a ver com baralho. Na verdade, tem tudo a ver com baralho, até eu que não sou fã do jogo achei genial a relação da história com as cartas de baralho. Algumas relações: o livro tem 52 capítulos e o baralho tem 52 cartas (fora os coringas), cada capítulo tem o nome de uma carta, é divido em 4 partes com o nome dos naipes. Hans-Thomas, o protagonista, passou sua infância toda jogando paciência, enquanto seu pai colecionava todos os tipos de coringas. Há muitas outras relações que vão se revelando no desenrolar do livro.


O livro é sobre a viagem de Hans-Thomas e seu pai da Noruega à Grécia, em busca de Anita, a mulher que os abandonara há 8 anos, quando o menino tinha apenas 4. Ela alegou que precisava se encontrar, mas essa busca por si mesma já durava há mais tempo do que pai e filho podiam suportar. Logo no início, Hans-Thomas expressa sua incompreensão diante da atitude da mãe. Vale destacar:

"Meu conselho para todos os que querem se encontrar é continuarem bem onde estão. Do contrário, é grande o risco de se perderem para sempre." (p.17)

Hans-Thomas é o narrador da história (narrador protagonista), desde o início nos solidarizamos com a dor dele devido à ausência da mãe, a busca por respostas, a dúvida se vão encontrá-la e, se encontrá-la, a incerteza se ela voltará com eles. Depois que o pai viu a esposa linda e fina pousando numa capa de revista, compreendeu que ela havia "se perdido" no mundo da moda, por isso decidiu ir à procura dela.

Saindo de Arendal na Noruega de carro rumo à Grécia, pai e filho compartilham uma viagem riquíssima, com direito a muitas paradas para turistar e altos papos filosóficos. O pai, apesar de beber e fumar demasiadamente para o desagrado do filho, demonstra ser um excelente pai, invejável até. Apaixonado por filosofia, compartilhava com o filho seus pensamentos e seu conhecimentos, as paradas para o  cigarrinho eram verdadeiras aulas de filosofia. Esses são meus momentos favoritos do livro, pois as questões abordadas pelo pai eram interessantíssimas e eu nunca havia parado para pensar nelas. Eu me senti como o Hans-Thomas: apenas engatinhando nos assuntos da filosofia, mas com grande vontade de aprender e deslumbrado com a sabedoria do pai. Acho que é bem assim, nós leitores somos o Hans-Thomas, enquanto o pai é o porta-voz das ideias geniais de Jostein Gaarder.

O livro é cheio de diálogos impressionantes. Vou destacar outro que me marcou muito:

- Você nunca pensou em procurar uma outra mulher, em vez de passar metade da sua vida procurando aquela que também vive se procurando?
Primeiro meu pai deu boas gargalhadas, depois disse:
- É verdade...está aí uma coisa misteriosa. Existem cerca de cinco bilhões de pessoas neste planeta. Mas a gente a acaba se apaixonando por uma pessoa determinada e não quer trocá-la por nenhuma outra.

Até certo ponto parece uma história comum, mas de uma hora para outra ocorrem situações estranhas e muitos enigmas surgem para quebrar a cabeça de Hans-Thomas e do leitor. O primeiro fato estranho é o encontro com um anão num posto de gasolina na Suíça, onde o pai parou para pedir informação. O anão indicou o caminho para Dorf e entregou ao menino uma lupa, avisando que ela seria muito útil em Dorf. Ao chegarem na cidadezinha, descobriram o anão ensinara o caminho mais distante de Veneza, o destino deles. Três mistérios surgem: Por que o anão não ensinou o caminho correto? Como ele sabia que os dois eram de Arendal? E por que deu ao menino uma lupa?

Enquanto o pai "molhava o bico", Hans-Thomas saiu para conhecer o lugar, parou em frente a uma padaria e logo foi atraído por um peixinho laranja. Notou que faltava um pedaço de vidro do aquário e que sua lupa se encaixava perfeitamente nele, como fosse oriunda dali. Percebeu também que não era simples peixinho laranja, quando a luz do sol bateu no aquário, o peixinho refletiu diversas cores, surreal. Surgiu, então, o padeiro, um velhinho simpático, que logo lhe ofereceu um refrigerante. O menino contou que era de Arendal e estava em busca da mãe perdida. O velho padeiro pegou quatro pãezinhos doces e entregou ao menino, fazendo-o prometer que só iria comer o pão maior quando estivesse sozinho. Hans-Thomas cumpriu a promessa, ao ficar sozinho no quarto, começou a comer o pão maior e descobriu dentro dele um livrinho, cujas as letras eram tão pequenas, que era impossível ler. Lembrou-se, então, da lupa que ganhara do anão, com ela conseguiu ler.

No livrinho, havia relatos do padeiro, Ludwig, de como ele chegou na cidadezinha após a Segunda Guerra, como foi acolhido por Albert, que era o padeiro na época. O que vou falar agora não é spoiler, pois com certeza todos que leram tiveram essa desconfiança. O avô paterno de Hans-Thomas era um soldado nazista chamado Ludwig, que tivera um breve romance com uma jovem norueguesa e teve que abandoná-la antes de saber sobre a gravidez. O fruto desse breve romance é o pai de Hans-Thomas, que além de sofrer preconceito na infância nunca chegou a conhecer o pai (Tudo isso é explicado no comecinho do livro, portanto não é spoiler). Por coincidência ou não, o nome do padeiro era o mesmo do avô do Hans e padeiro também fora um soldado nazi, que por motivos de força maior teve que deixar seu grande amor num país do Norte. Ludwig, sem ter para onde ir, foi acolhido por Albert, o velho padeiro que lhe ensinou o ofício e deixou para ele sua  padaria e a casa. Muitas coincidências, não é mesmo? Logo bate a dúvida no leitor: será o padeiro o avô do Hans-Thomas?

A partir do momento que Hans começa a ler o livrinho, nós leitores mergulhamos em várias histórias; uma história dentro da outra; um relato dentro do outro. Ora estamos no presente, acompanhando o percurso do Hans com o seu pai à Grécia, ora estamos no relato de Ludwig. Sobre os relatos, primeiro temos o relato de Ludwig, o soldado que chegou à Dorf e logo foi amparado pelo padeiro Albert. Em seguida, há o relato de Albert (contando para Ludwig), que quando menino perdeu a mãe e ficou só com o pai alcoólatra. A salvação do pequeno Albert foi o padeiro Hans, que o tratou como um filho. O último e mais fascinante relato é o do padeiro Hans, que contou para Albert suas aventuras incríveis.
Nossa, que complicação! Deixa eu tentar simplificar: O narrador do livrinho é Ludwig, que registra no livro as histórias que Albert lhe contou. Albert narra a sua vida e como conheceu o padeiro Hans, por último, conta para Ludwig as aventuras que Hans lhe contara. Ou seja, uma história dentro da outra! A história do padeiro Hans é realmente FASCINANTE, pra mim, é uma das melhores partes do livro.

Logo percebemos que não foi por acaso que Hans-Thomas conseguiu o livrinho, pois os relatos de Hans (o padeiro) tem MUITA relação com a vida do menino e com a busca dele pela mãe. Mas como uma história que ocorreu há mais de 100 anos tem ligação com a vida de Hans-Thomas? Esse é um grande mistério e logo Hans-Thomas vai fazer a si mesmo essa pergunta.

Durante todo o trajeto para a Grécia, Hans-Thomas lê o livrinho e vai fazendo descobertas. Finalmente chegam ao destino, Atenas, e vão em busca da mãe. Será que eles encontraram Anita? Será que ela voltaria para eles? Para mim, isso é o de menos na história.

O Dia do Curinga fala sobre viagem, não só a viagem em busca da mãe, mas principalmente a viagem em busca de si mesmo, para SE encontrar, refletir sobre quem somos e de onde viemos. Acho que outro autor teria escrito apenas uma história de pai e filho em busca da mulher que os abandonara, Jostein Gaarder, por sua vez, aborda questões tão tão profundas, muitas das quais nunca paramos para refletir.

Foi muito difícil fazer essa pequena resenha, devido à grandiosidade do livro. Fiquei com vontade falar bem mais, escrever vários trechos marcantes, mas assim eu prejudicaria que ainda não leu. Por favor, leiam!

Ficha técnica:

Título: O Dia do Curinga
Autor: Jostein Gaarder
Editora: Cia. das Letras
Ano: 1996
Tradução:  João Azenha Jr.

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